quinta-feira, 28 de julho de 2011

“Ombro do nadador” - Lesões do manguito rotador

O manguito rotador é formado pelos músculos o supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular, e tem como funções principais a estabilização do ombro e auxiliar na dinâmica escapulo-umeral. 
 


A ativação do manguito rotador é essencial em movimentos amplos como elevação do braço acima da altura da cabeça, comum em esportes que envolvem arremessos ou saques e também na natação. Quando estes movimentos são realizados de forma repetitiva, causando fadiga muscular, ou com a técnica inadequada, podem ocasionar lesões como tendinites (principalmente do músculo supra-espinhal), bursite, subluxação anterior da cabeça do úmero e lesão do lábio glenoidal.


Entretanto, a lesão mais comum em trabalhadores ou atletas que utilizam muito o movimento de flexão ou abdução de ombro juntamente com rotação medial é a síndrome do choque do manguito rotador. Por ser um movimento freqüente na natação (principalmente no nado livre, costas e borboleta), a síndrome também é conhecida como “ombro do nadador”, e acomete cerca de 50% dos nadadores profissionais. Estes casos envolvem dor e hipersensibilidade da região do ombro, que pioram com a rotação do mesmo. 

Existem algumas teorias sobre a causa da síndrome: devido a fatores genéticos, indivíduos com espaço muito estreito entre o acrômio e a cabeça do úmero podem ter os tendões do manguito rotador e a bolsa sinovial apertados cada vez que o braço é elevado, causando friccionamento e desgaste destas estruturas. Outra teoria diz respeito à inflamação do tendão do supra-espinhal por estiramento repetido. Desta forma, os músculos do manguito não conseguem manter a cabeça do úmero dentro da cavidade glenoidal e o músculo deltóide acaba provocando um desvio superior da cabeça do úmero sempre que realiza a abdução, resultando em choque e desgaste do tendão do supra-espinhal. A terceira possibilidade é que o músculo serrátil anterior, responsável por posicionar a escápula em rotação durante a abdução do úmero, pode ficar fatigado, deixando de rodar a escápula como necessário, limitando o movimento de abdução e causando o choque. 

O tratamento desta síndrome é geralmente conservador, com analgesia e cinesioterapia (exercícios específicos). Porém é essencial prevenir este tipo de lesão, realizando trabalhos de flexibilidade, estabilização escapular e correção do gesto esportivo, ministrados pelo técnico esportivo, juntamente com um fisioterapeuta.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dor crônica

Dor: "experiência sensitiva e emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais ou descrita em termos de tais lesões" (definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor).

A dor crônica é muitas vezes associada à depressão e, por este motivo, muitas vezes o diagnóstico de depressão induz ao diagnóstico concomitante de dor crônica, sem que haja investigação de afecções clínicas que podem causar a dor e que poderiam ser tratadas.


Cada indivíduo tem seu próprio limiar de dor, logo a intensidade e expressão da dor varia muito de pessoa para pessoa. Este limiar depende de fatores como aspectos ambientais, culturais e religiosos, experiências anteriores e estado emocional do indivíduo no momento da dor.

A modulação da dor depende da interação entre mecanismos excitatórios e inibitórios da dor e do estado funcional das estruturas nervosas que processam a sensibilidade à dor. Quando há dor prolongada, estresse, ansiedade e medo da dor, os mecanismos de modulação da mesma são modificados, podendo gerar dor crônica e até alterar a fisiologia do indivíduo.

O diagnóstico de dor crônica só deve ser dado após exclusão de qualquer outra causa de dor; e o tratamento deve ser realizado procurando-se eliminar fatores agravantes da dor, como distúrbios emocionais, psicológicos e de sono, além de recursos físicos de reabilitação para analgesia e relaxamento. A equipe multidisciplinar é importante para reduzir a dor, criar estratégias de enfrentamento da mesma, restabelecer o sistema de saúde e bem-estar do indivíduo, melhorando sua qualidade de vida.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

Benefícios da drenagem linfática na gestação


Durante a gestação, ocorrem diversas alterações hormonais e estruturais no organismo, a fim de preparar o corpo para o recebimento e a formação de um bebê. Estas alterações estimulam a reabsorção de sódio, que consequentemente gera uma retenção hídrica importante, levando a um aumento do volume sanguíneo de até 50%; além de provocar inchaços no corpo todo, principalmente em extremidades como mãos e pés. 


Por este motivo, é muito indicado realizar sessões de drenagem linfática durante a gravidez, que podem iniciar-se desde as primeiras semanas de gestação, numa freqüência de uma a duas vezes por semana, sempre com autorização do obstetra e acompanhamento pré-natal. 

Como qualquer procedimento de alta especificidade, deve sempre ser realizado por fisioterapeutas, pois estes são capazes de avaliar e monitorar mudanças estruturais e fisiológicas, sempre visando o bem-estar da gestante e do bebê. Além disso, um procedimento realizado de maneira incorreta pode ter efeitos colaterais indesejados, ocasionando até mesmo contrações precoces. 

Entre os principais benefícios da drenagem linfática para gestantes estão: 

- eliminação hídrica, combatendo inchaço e sensação de cansaço; 
- melhora da circulação sanguínea;
- relaxamento muscular e alívio de dores;
- estímulo à lactação e preparo das mamas para a amamentação (dessensibilização);
- prevenção e combate a varizes, celulites e estrias;
- relaxamento e combate ao estresse;
- eliminação de toxinas e aumento da imunidade do organismo;
- bem-estar emocional, melhora da consciência corporal e aceitação das mudanças no organismo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Espondilolistese

A espondilolistese é quando ocorre o deslizamento anterior de uma vértebra no sentido anterior em relação à vértebra de baixo. Este escorregamento pode ocasionar dor e até comprimir raízes nervosas, causando distúrbios de sensibilidade e motores.





A espondilolistese tem duas principais causas: a espondilolistese degenerativa é comum em adultos e idosos, e é provocada pelo desgaste das facetas articulares, como parte do quadro natural de degeneração da coluna. Já a espondilolistese ístmica ocorre por um defeito das facetas articulares, que pode ser congênito ou devido a traumas, e por este motivo é mais comum na infância e adolescência. 

O escorregamento das vértebras costuma ocorrer na região lombar, principalmente entre as vértebras L5 e S1, devido à posição anatômica das mesmas. 

Os principais sintomas são dor na região lombar, dor irradiada pelo trajeto do nervo ciático (região posterior da perna), formigamento, diminuição ou perda de força e coordenação dos movimentos e, em casos mais graves, perda da capacidade de andar. 

O diagnóstico é realizado por raio-X ou ressonância magnética. Já o tratamento pode ser conservador, com medicamentos antiinflamatórios, relaxantes musculares e analgésicos; ou cirúrgico, por meio de artrodese (fusão das vértebras) ou técnicas de fixação dinâmica das vértebras.

A fisioterapia é muito importante para relaxamento muscular, analgesia e reequilíbrio da musculatura de coluna e membro inferior, além de restabelecer força e função perdidas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dicas para evitar dores nas costas

Como os hábitos do dia-a-dia podem ser prejudiciais à nossa coluna? Móveis muito baixos, mesas muito altas, carregar peso da maneira errada...tudo isso pode gerar dores, mas também pode ser facilmente evitado, se conseguirmos fazer pequenas alterações no nosso modo de cumprir estas tarefas.



Este vídeo da Globo-Ceará mostra como simples ajustes podem evitar grandes problemas.

Clique para ver o vídeo



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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Reabilitação pós-mastectomia

Um dos tratamentos para o câncer de mama é a mastectomia, que consiste na remoção completa ou de parte da mama. 

A mastectomia pode ser radical, que consiste na retirada da glândula mamária, associadas à retirada dos músculos peitorais e à linfadenectomia axilar completa (retirada dos gânglios linfáticos da região axilar). Atualmente é um procedimento incomum, devido à alta morbidade a ela associada e a resultados bastante satisfatórios de técnicas mais conservadoras. 

A mastectomia radical modificada consiste na retirada da glândula mamária e na linfadenectomia axilar, com preservação de um ou ambos os músculos peitorais, e é o procedimento cirúrgico realizado na maioria das pacientes. 

A mastectomia total simples consiste na retirada da glândula mamária, incluindo o complexo areolar e aponeurose do músculo peitoral, mas os linfonodos axilares são preservados; já a mastectomia subcutânea é a retirada da glândula mamária, conservando os músculos peitorais e suas aponeuroses, pele e complexo aréolo-papilar. Também podem ser realizadas quadrantectomias (retirada de somente um quadrante da mama) e biópsia de linfonodo sentinela (para verificar a necessidade da retirada ou não dos linfonodos). 

Nos casos em que há retirada dos linfonodos, um efeito adverso que pode ocorrer é o linfedema. Devido à obstrução da circulação linfática, ocorre acúmulo de líquido linfático no tecido intersticial, causando edema (inchaço) do braço, endurecimento da pele, diminuição do aporte de oxigênio na região, diminuição da amplitude de movimento do braço, sensação de peso ou dor no membro. O aparecimento do linfedema pode ocorrer logo após a cirurgia, ou até 20 anos após a mesma. 

É necessário realizar um programa de reabilitação precoce pós-mastectomia, seja ele preventivo ou curativo. A fisioterapia deve proporcionar terapias descompressivas, bandagens elásticas, drenagem do edema, ganho de amplitude de movimento, diminuição da dor e restauração da função do membro afetado.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Distonia cervical

A Distonia Cervical, também conhecida como Torcicolo Espasmódico, é uma doença cuja principal característica é a posição anormal da cabeça, que ocorre de maneira involuntária. É associada a espasmos da musculatura de cabeça e pescoço, e frequentemente à dor.


A distonia pode interferir no cotidiano do indivíduo, pois atrapalha funções como dirigir, ler, e também afeta o convívio social e a qualidade de vida.

Os "truques sensoriais" podem ser utilizados como estratégia de defesa, diminuindo os sintomas, que são menores durante o sono e início do dia, e pioram no fim do dia, com o cansaço e estresse.

A maioria dos casos é idiopática (de causa desconhecida), mas também pode ser secundária a um trauma musculoesquelético e alterações da visão e do sistema vestibular.
Ocorre uma execução anormal dos programas motores, por meio de inibição de certas regiões do cérebro e hiperativação de outras. Já os truques sensoriais indicam uma possível relação com déficits sensoriais.

Para classificar e diagnosticar corretamente uma distonia cervical, é necessário conhecer bem a musculatura de cabeça e pescoço e suas funções, pois o paciente pode ter o torcicolo em diferentes direções (torcicolo, anterocolo, retrocolo, laterocolo e elevação do ombro).

Os objetivos do tratamento são melhora dos sintomas, da funcionalidade e da qualidade de vida.

É necessário mesclar o tratamento medicamento à terapia física. Muitos pacientes também podem se beneficiar das aplicações da toxina botulínica.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Você sabe a diferença entre atividade física e exercício físico?

A atividade física é entendida como todo movimento produzido pelos músculos esqueléticos com gasto energético acima dos níveis de repouso. Ou seja, todo movimento que realizamos no dia a dia, como: nadar, lavar o carro, passear com o cachorro, varrer a calçada, brincar, entre outros.



Já os exercícios físicos são considerados como uma seqüência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, executados de forma planejada e com um determinado objetivo a ser atingido. Por exemplo: um passeio ao ar livre é considerado uma atividade física, enquanto uma caminhada orientada é um exercício físico, já que possui um determinado planejamento, como a intensidade e a duração e o objetivo, que pode ser a queima de gordura. Ambos trazem diversos benefícios para a saúde, como o controle do peso corporal, perda de gordura, diminuição da pressão arterial, redução do estresse, além de prevenir doenças como as cardiovasculares e o diabetes, desde que seja realizado regularmente.

Uma pessoa para ser considerada ativa e alcançar esses benefícios precisam de no mínimo 150 minutos de atividade física por semana, seja de forma contínua ou intercalada. O mais indicado é que seja realizado 30 minutos, 5 vezes por semana, ou 3 dias na semana com sessões de 50 minutos. Procure atingir intensidades moderadas para alcançar melhores benefícios.

Contudo, esse tempo semanal é insuficiente para provocar mudanças na aptidão física e na composição corporal, sendo necessário progredir para 200 a 300 minutos. Para esses objetivos são aconselhados programas de exercícios físicos formais (elaborados por profissionais), com incremento das atividades físicas.

Um programa regular de exercícios físicos deve possuir pelo menos três componentes: aeróbico (caminhadas, corrida, ginástica), resistido (musculação) e flexibilidade (alongamentos), variando a ênfase em cada um de acordo com a condição clínica e os objetivos de cada indivíduo.

É essencial procurar atividades que lhe dêem prazer para evitar começar a atividade e parar após algum tempo, pois uma semana sem exercícios já é o suficiente para provocar mudanças negativas na composição corporal e na aptidão física.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Alterações motoras nos diabéticos


Uma das doenças crônicas com maior prevalência no mundo é a diabetes, e uma de suas mais graves complicações é a neuropatia diabética. 


O pé do diabético neuropata sofre diversas alterações, entre elas os distúrbios de sensibilidade, e por este motivo torna-se importante um cuidado maior com os pés de quem tem esta doença.

Entretanto, além das alterações de sensibilidade, os diabéticos neuropatas podem ter também alterações na ativação muscular, afetando atividades como andar, subir e descer escadas.

Principais alterações musculoesqueléticas dos neuropatas durante o andar:
- diminuição da amplitude de movimento do tornozelo;
- alterações na velocidade e comprimento dos passos;
- maior tempo de duplo apoio (enquanto os dois pés estão tocando o chão);
- atraso na ativação da musculatura distal da perna;
- menor força de propulsão.

Como os neuropatas tendem a andar mais devagar, percebemos pouco estas alterações, porém em situações em que eles são obrigados a andar mais rápido (para atravessar a rua, correr atrás de um ônibus, desviar de alguma coisa) ou realizar tarefas mais difíceis como subir e descer uma rampa ou escada, estas alterações ficam ainda mais visíveis.

Veja artigos sobre estas alterações durante:

Somando estas alterações musculares e articulares às alterações sensitivas já discutidas, vemos que os diabéticos neuropatas apresentam uma dificuldade motora importante em tarefas simples do cotidiano e, portanto, devem realizar um programa de fisioterapia precoce para evitar ou minimizar estes déficits.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A importância da psicologia no processo de reabilitação

Quando um paciente adquire uma incapacidade física, ficando paraplégico, por exemplo, tem sua independência diminuída, e enfrenta muitas dificuldades. Estas transcendem o âmbito físico, e passam a influenciar nos aspectos psico-sociais do indivíduo.
Estes aspectos também devem ser trabalhados para o sucesso da reabilitação física.

Por este motivo, pedi a minha amiga Priscila Rodrigues, psicóloga, falar um pouco sobre o papel da psicologia na reabilitação física:

"O processo de reabilitação física de um paciente deve ter por objetivo verificar e identificar possíveis ocorrências de déficits cognitivos, alterações afetivo emocionais, incapacidades físicas, bem como os quadros de patologias associadas e comorbidades. Além disso, também deve abranger a inserção social do paciente reabilitado, ampliação e fortalecimento de suas redes sociais. 

O papel do psicólogo em uma equipe de reabilitação é a avaliação, acompanhamento, psicodiagnóstico e tratamento psicoterapêutico, individual e em grupo, a fim de identificar os aspectos das funções cognitivas e afetivo emocionais, bem como aspectos da personalidade e comportamento. A partir daí, é possível estabelecer relação de todo o funcionamento do sujeito com possíveis alterações causadas por qualquer tipo de deficiência. 

O psicólogo numa instituição de reabilitação física atua na modalidade de psicoterapia breve, individual ou em grupo, dependendo do caso, com o foco na deficiência e os impactos que esta trouxe para o paciente e sua família, colaborando e atuando diretamente com a equipe interdisciplinar, realizando interconsultas quando se fizer necessário. Essa modalidade psicoterapêutica tem por base o trabalho biopsicossocial, que integra o indivíduo como um todo, para que este possa tomar consciência de suas incapacidades físicas e/ou cognitivas e poder buscar novas formas de viver sua vida de forma adaptada, sempre enfatizando e valorizando todos os ganhos decorrentes do processo de reabilitação."

Priscila Aparecida Rodrigues é psicóloga do Serviço de Psicologia do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Especialista em Psicologia Clínica Hospitalar em Reabilitação

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cirurgias ortopédicas

Para quem tem interesse de saber como são feitas algumas cirurgias ortopédicas, esse vídeo é uma animação bem didática e interessante, realizado por uma indústria de material cirúrgico ortopédico.



terça-feira, 12 de julho de 2011

Alongar ou aquecer?


Antes de iniciar uma atividade física, uma dúvida muito comum é: devo alongar ou aquecer?


Quando realizamos o alongamento muscular (manter o músculo em posição de estiramento, por no mínimo 20 segundos), os fusos musculares - estruturas responsáveis pela regulação da tensão muscular e pela propriocepção - ficam estirados, diminuindo a sua sensibilidade. Com sua capacidade de perceber a tensão, o comprimento muscular e a velocidade de alongamento/estiramento do músculo alterada, o atleta fica mais sujeito a lesões como entorses e distensões. Por este motivo, é recomendado somente o aquecimento antes da prática esportiva.



Este aquecimento pode ser feito utilizando-se os mesmos movimentos utilizados durante o treino, porém em menor intensidade e velocidade, os quais podem ser aumentados aos poucos, fazendo a transição aquecimento-treino. Após o treino recomenda-se alongamento leve (sem chegar ao limite do indivíduo), somente como forma de prevenir dores musculares.

Já o alongamento máximo, com objetivo de ganho de flexibilidade, deve ser realizado em dias alternados com o treino esportivo. Um músculo com boa flexibilidade é muito importante na prática esportiva, pois consegue ativar-se melhor, em diferentes amplitudes de movimento necessárias ao esporte, prevenindo as distensões musculares.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A visão do detalhe

É possível imaginar uma situação onde a pessoa enxerga perfeitamente, dá descrições detalhadas do que está vendo, mas não sabe identificar o que está vendo? Pense numa pessoa que olha para um sapato, descreve os cadarços (cor, comprimento, material com que é feito), o salto (altura, grossura, material), mas não tem idéia de que objeto é aquele, muito menos o que fazer com ele: assim é uma pessoa com agnosia visual!

A agnosia é a incapacidade de reconhecer objetos, paisagens ou rostos, mesmo com todas as funções sensoriais (inclusive a visão) intactas. Está geralmente associada a danos neurológicos nos lobos temporal e occipital do cérebro.



No caso mais específico de não reconhecimento de rostos, é chamada prosopagnosia, e é geralmente advinda de uma lesão na porção cortical do lobo occipital do cérebro. Pessoas nessas condições podem ter dificuldade até mesmo de reconhecer o próprio rosto no espelho, mas aprendem a utilizar truques como visualização de características marcantes, voz ou até mesmo o modo de andar para reconhecer as pessoas.

Para saber mais sobre este distúrbio, recomendo a leitura do livro “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lesão medular

A medula espinhal faz parte do Sistema Nervoso Central (SNC), servindo de conexão entre o cérebro e o restante do nosso corpo. Localiza-se dentro da coluna vertebral, levando o comando do cérebro para os músculos e também para órgãos, exercendo assim o controle de funções vitais como respiração, circulação sanguínea, digestão, excreção e reprodução, além da homeostase (manutenção da temperatura, pressão etc). A medula também recebe informações sensitivas como tato, calor e dor e envia para o cérebro, que faz o processamento destes dados.



A lesão medular é qualquer afecção da medula, que pode levar a danos neurológicos, reversíveis ou não, como perda ou diminuição da função motora, alterações da sensibilidade e complicações da função das vísceras.

As principais causas de lesão medular são:

- traumáticas
acidente automobilístico;
ferimento por arma de fogo (FAF);
ferimento por arma branca (FAB);
mergulho em águas rasas;
quedas.

- não traumáticas
tumores;
processos infecciosos;
malformações congênitas;
processos degenerativos e/ou compressivos.

O nível da lesão determina a gravidade da mesma, pois quanto mais alta for a lesão, maiores serão as consequências (perde-se função de membros e órgãos sempre abaixo do nível da lesão). Quando a lesão ocorre no nível cervical, perde-se a função dos quatro membros, e denomina-se tetraplegia. Se for acima da vértebra C4, também ocorre disfunção da musculatura respiratória, e o paciente terá dificuldades em respirar, muitas vezes necessitando de aparelhos de ventilação mecânica. Já a paraplegia é a perda de função dos membros inferiores, que ocorre em lesões torácicas e lombares.

A lesão também pode ser classificada como completa - quando há perda da função motora e sensitiva - ou incompleta - quando a sensibilidade é preservada, mas os movimentos são perdidos.

Após qualquer lesão medular, deve-se realizar uma avaliação pormenorizada a fim de detectar todas as disfunções e ainda as funções potenciais e remanescentes do paciente. Desta forma, é possível um programa de reabilitação personalizado, visando a restauração de determinadas funções, e a adaptação relativa às funções perdidas.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fibromialgia

Uma síndrome pouco compreendida até hoje na Medicina é a Fibromialgia. Como sua causa ainda é indefinida (existem somente teorias, mas nenhuma comprovada), não sabe-se classificar esta síndrome como um distúrbio reumatológico, neuroendócrino, ou psiquiátrico; e apesar de ter seus sintomas bem estabelecidos, muitos sequer acreditam na sua existência.

Os critérios de classificação da Associação de Reumatologia Americana (ARA) para a fibromialgia são:

- dor crônica difusa por no mínimo 3 meses, nos dois lados do corpo, acima e abaixo da cintura, e também em tronco;
- dor à palpação em pelo menos 11 dos 18 pontos pré-definidos para a síndrome.

Além disso, a fibromialgia é comumente associada a:

- distúrbios do sono;
- fadiga;
- ansiedade;
- depressão;
- cefaleia;
- sintomas gastrointestinais;
- problemas de memória e concentração.

É muito importante que sejam investigados e excluídos distúrbios neurológicos, reumatológicos, ortopédicos e endócrinos, antes de dar o diagnóstico de fibromialgia.

O objetivo do tratamento da fibromialgia é diminuir dores e outros sintomas associados à doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, que apresentam muitas vezes diminuição da funcionalidade. 

Além de tratamento medicamentoso para amenizar os sintomas associados, é fundamental que os pacientes realizem tratamentos específicos para suas dores e disfunções. A prática de exercícios físicos, como atividades aeróbias e alongamento global tem-se mostrado muito eficazes para a melhor qualidade de vida destes pacientes, com diminuição da intensidade e frequência das dores, e portanto a fisioterapia é uma ótima aliada dos pacientes fibromiálgicos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Osteoporose: sim ou não à hidroginástica?

A osteoporose, diminuição substancial da massa óssea, é um processo natural do envelhecimento, principalmente em mulheres após a menopausa. É crônica e progride lentamente, e sua principal consequência é a fratura. Porém, esta doença pode ser evitada com exercícios físicos, alimentação adequada e, no caso das mulheres, reposição hormonal.


 Muitas pessoas associam a osteoporose com a fragilidade dos ossos, e por este motivo, recomendam que pessoas com sinais de osteoporose realizem atividades com pouco impacto, como a hidroginástica.

Entretanto, a estimulação dos osteoblastos (células responsáveis pela construção dos ossos) é dependente do efeito piezoelétrico (formação de cargas positivas e negativas em determinadas partes do osso) durante as forças de tração, exercidas pela ação muscular sobre os ossos durante exercícios com carga; e compressão, que ocorre devido ao impacto, em atividades como caminhada, corrida e dança.

Já na hidroginástica, devido ao empuxo exercido pela água, essas forças são anuladas, portanto não ocorre a deposição de cálcio nos ossos. O mesmo pode ser visto em astronautas que, ao voltar de missões espaciais onde não há o efeito da gravidade, perdem muita massa óssea, necessitando muitas vezes de cadeira de rodas.

Não podemos esquecer que a hidroginástica tem seus benefícios: fortalecimento muscular, melhora do condicionamento cardiovascular e respiratório, além de ser uma atividade de socialização; porém esta não deve substituir, apenas se somar a atividades em solo (caminhada, corrida, dança) e exercícios com carga (musculação). Uma outra alternativa é realizar a hidroginástica em piscinas rasas, onde parte do peso corporal que fica fora da água, somado aos saltos realizados durante a prática, podem se sobrepor ao empuxo, gerando forças compressivas (mesmo que menores) sobre os ossos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O homem que confundiu sua mulher com um chapéu

"A palavra favorita da neurologia é déficit, significando deterioração ou incapacidade de função neurológica: perda da fala, perda da linguagem, perda da memória, perda da visão, perda da destreza, perda da identidade e inúmeras outras deficiências e perdas de funções (ou faculdades) específicas. Para todas essas disfunções (outro termo muito empregado) temos palavras privativas de todo tipo — afonia, afemia, afasia, alexia, apraxia, agnosia, amnésia, ataxia —, uma palavra para cada função neural ou mental específica da qual os pacientes, em razão de doença, dano ou incapacidade de desenvolvimento, podem ver-se parcial ou inteiramente privados. 
O estudo científico da relação entre cérebro e mente começou em 1861, quando Broca, na França, descobriu que dificuldades específicas no uso expressivo da fala, a afasia, seguiam-se invariavelmente a um dano em uma parte específica do hemisfério esquerdo do cérebro. Isso abriu caminho para uma neurologia cerebral, que possibilitou, no decorrer de décadas, ”mapear” o cérebro humano, atribuindo capacidades específicas — lingüísticas, intelectuais, perceptivas etc. — a centros” igualmente específicos do cérebro. Em fins do século   evidenciou-se aos observadores mais perspicazes—sobretudo Freud, em seu livro Aphasia — que aquele tipo de mapeamento era demasiado simples, que todos os desempenhos mentais possuíam uma intrincada estrutura interna devendo possuir uma base fisiológica igualmente complexa. Freud -julgava que isso era verdade, especialmente no tocante a certos distúrbios do reconhecimento e percepção, para os quais ele cunhou o termo agnosia. A seu ver, o entendimento adequado da afasia ou agnosia exigiria uma ciência nova, mais complexa."

É assim que Oliver Sacks, cientista e neurologista, inicia seu livro, intitulado "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu". 


O livro traz 24 casos clínicos dos mais absurdos, praticamente inimagináveis: pacientes que não reconhecem partes do próprio corpo, chegando a cair da cama ao jogar no chão uma perna "alheia", um assassino que não se recorda dos seus crimes, um músico que percebe os detalhes dos objetos (cor, textura, peso), mas não consegue defini-los, até o caso que dá título a obra, em que o paciente não é capaz de reconhecer rostos, e por isso chega a confundir a esposa com seu chapéu!
Este livro nos traz a um mundo que parece de faz-de-conta, mas que abrange os mistérios do complexo funcionamento do cérebro humano.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Botox: Estética X Reabilitação

O uso estético do Botox (toxina botulínica) para atenuar as linhas de expressão - as famosas rugas - é cada vez mais difundido no mundo. Porém poucas pessoas sabem qual foi o propósito inicial (e amplamente utilizado na medicina moderna) da Toxina Botulínica. 



O botulismo é uma forma rara de intoxicação alimentar causada pelo Clostridium botulinum, o qual libera uma neurotoxina que destrói as proteínas responsáveis pelo mecanismo de liberação de neurotransmissores nervosos na placa motora. O resultado disso é uma paralisia muscular que, se for extensa, atinge a musculatura respiratória, impedindo a respiração. Portanto, esta doença é fatal. 

Entretanto, assim como uma vacina nada mais é do que uma “versão neutralizada” do próprio agente transmissor da doença que se quer prevenir, no início do século XX iniciaram-se pesquisas para o uso terapêutico do Clostridium, e foi isolada a toxina botulínica. 

Seu uso inicial foi para o tratamento do estrabismo e blefaroespasmo, e posteriormente se estendeu para casos de distonia, espasmo hemifacial, hiperidrose, bexiga neurogênica e espasticidade (quando a musculatura fica com o tônus aumentado, permanecendo contraída por mais tempo). 

O efeito da toxina botulínica é temporário, durando em média, de 4 a 6 meses. Neste período, o relaxamento muscular permite a mobilização, fortalecimento e recrutamento de músculos que estavam espásticos e, portanto, é uma ferramenta muito útil para a fisioterapia no processo de reabilitação. 

Posteriormente, notou-se que pacientes que tratavam blefaroesasmo com a toxina botulínica tinham atenuação das linhas de expressão, e só então ela começou a ser utilizada para fins estéticos.