quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Reflexos primitivos e sua aplicação no esporte

Os reflexos primitivos são originados no sistema nervoso central, e são ligados a reações de sobrevivência como busca de alimentação e proteção, além de reflexos posturais, que são precursores do movimento voluntário. Estão presentes em bebês, porém conforme ocorre a maturação do sistema nervoso central (mielinização, arborização e formação das sinapses das células nervosas), estes reflexos são inibidos pelos centros superiores de controle, com crescente aumento do controle voluntário do movimento. 

Por este motivo, diz-se que estes reflexos tendem a desaparecer na criança com desenvolvimento normal, e são somente mantidos em casos de atraso do desenvolvimento motor ou doenças/lesões neurológicas que influenciam nessa maturação do cérebro, como a paralisia cerebral. 

Entretanto, se avaliarmos o movimento adulto, podemos ver que estes reflexos permanecem integrados em nosso programa motor, porém de forma refinada, sendo usado em situações específicas. 

Vejamos alguns exemplos: 

O RTCA (reflexo tônico cervical assimétrico) é estimulado pela rotação da cabeça e causa a extensão dos membros para o lado em que a cabeça foi rodada e diminuição do tônus extensor com aumento da flexão dos membros contralaterais. 



Apesar de ser inibido por volta do 4º mês, podemos ver que ele é utilizado em alguns esportes, principalmente os que envolvem arremessos e alcance.




Já o RTL (reflexo tônico labiríntico) é evocado por reações de endireitamento da cabeça, sendo que a extensão cervical aumenta todo o tônus extensor. Em pacientes com paralisia cerebral severa, a não modulação deste reflexo leva ao opistótono, curvatura de todo o corpo para trás, de forma tônica, mantida. Também ocorre em casos de tétano.



Por outro lado, podemos ver o uso deste reflexo de forma modulada em esportes como a ginástica olímpica, que envolvem orientações não usuais do corpo, como ficar de cabeça para baixo. 



Diante destes exemplos, vemos que os reflexos primitivos não são abolidos pelo sistema nervoso central; são apenas refinados e incorporados a diferentes programas motores – referentes a diversas tarefas – que são utilizados de forma voluntária para realização de um movimento mais preciso.

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